quinta-feira, 15 de julho de 2010

A donzela e o vendedor de balões.


Dizem que as pessoas certas atravessam poucas vezes o seu caminho e quando acontece são poucos que têm a sensibilidade de percebê-las. Eu já tive a sorte de encontrar algumas dessas pessoas, mas talvez a falta de maturidade me fez deixá-las ir embora. Hoje é quase um pecado capital não investir em quem só quer estar do teu lado e não sente tanta necessidade de viver uma grande aventura para ser pleno. Não sou contra aqueles que buscam o melhor da vida para uma auto-satisfação, mas sou totalmente a favor de quem aprecia momentos simples, como estar sentando perto de uma fogueira abraçado a quem se gosta de verdade e o mundo se limita no simples crepitar do fogo.
Vivo em uma cidade (Brasília) em que a dignidade e o caráter de uma pessoa são medidos por qual concurso foi aprovado e se o carro que está na sua garagem é do ano. Na verdade, creio que isso é um mal geral, mas aqui a coisa é escancarada, você percebe claramente a pessoa deixar de se relacionar ou dar a chance de pelos menos se conhecerem ou se descobrirem porque determinada pessoa não possui o status "funcionário público" e talvez não dê a segurança da estabilidade que tal profissão garante, e acontece em qualquer segmento da sociedade e em todas as classes, seja na escola, faculdade, trabalho, igreja, onde for a grande maioria das pessoas costumam ter esse pensamento do dote. Isso me faz lembrar de um colega meu que infelizmente não está mais entre nós. Era uma pessoa super inteligente, gostava muito de trocar idéias com ele e não demorou muito tempo ele foi aprovado, com apenas 22 anos, em um ótimo concurso com um ótimo salário. Esse meu colega era, digamos, tudo que uma sociedade renega em termos de beleza. Era baixinho, calvo, com o rosto tomado por espinhas, nunca o tinha visto com nenhuma namorada, aliás, nunca o vi nem perto de uma mulher. Mas pouco tempo depois que ele foi aprovado no concurso, ele passou a ter condições de ter o melhor carro, e a frequentar os melhores lugares e juntamente com isso vieram as mulheres, bonitas por sinal. E um dia eu tirei um sarro com ele: E aí, ta cheio de gatinhas agora. No que ele retrucou: Eu sei exatamente no que elas estão interessadas, e eu só me aproveito disso. Esse é um exemplo típico do que acontece nessa bela cidade.
O mundo está habituado a uma postura auto-destrutiva chamada de egoísmo, as pessoas são movidas pelo sentimento de posse, nunca estão satisfeitas com o que tem. Não sou conformista e admiro quem batalha para viver uma vida melhor, mas existem coisas que extrapolam o normal e para a ganância são poucos passos. Esses esquecem que podem um dia se ver como uma Procuradora da República solitária, rodeada de gatos e com uma acusação nas costas de violência infantil. Não há dinheiro no mundo que compre um verdadeiro sentimento e muito menos a felicidade.
Por mais simplistas e puristas que as minhas idéias possam parecer, creio que pessoas que se importam com aquilo que você é não pelo que se tem são extremamente raras, em contrapartida, não prego a questão do "amor e uma choupana", porque acredito na conquista de ambos pelo sucesso, galgando dificuldades para um bem maior e por essas pessoas é que devemos mover o mundo. São elas que te impulsionam para querer vencer, porque um dia a beleza vai embora, as rugas vão teimar em aparecer, os cabelos cairão e ficarão brancos e o que vai restar é a sua essência e somente aquela pessoa que te aceitou exatamente como você é nunca vai te abandonar.
Dedico esse post a uma mulher especial. Orfanidis, esse é pra você.

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